Breve viagem pela Arménia realizada em agosto de 2017. Seguiria depois, por fronteira terrestre, para a Geórgia. Voo da Brussels Airlines para Yerevan, via Bruxelas. Alojamento no Hotel Silachi, em regime de alojamento e pequeno-almoço. Todas as visitas se realizaram a partir daqui, em carrinha , com um pequeno grupo de pessoas a que me juntei no país.
A Arménia é um país sem costa marítima localizado numa região montanhosa na Eurásia, entre o mar Negro e o mar Cáspio, no sul do Cáucaso. Faz fronteira com a Turquia a oeste, Geórgia a norte, Azerbaijão a leste, e com o Irão e o exclave de Nakichevan (pertencente ao Azerbaijão) ao sul.
Erevan, capital da Arménia
(imagem retirada da net)
A Arménia é povoada desde os tempos pré-históricos e era o suposto local do Jardim do Éden bíblico. Desde os primórdios da humanidade, o povo arménio vive no planalto arménio, um vasto território com mais de 300.000 km² cercado pelo encadeamento do Baixo Cáucaso, ao norte, e pelo encadeamento do Tauro Arménio, ao sul, enquanto se declina, a oeste, para o vale do rio Eufrates e, a leste, para as terras baixas do mar Cáspio.
Cascata
Um enorme maciço vulcânico com dois picos está localizado quase no centro desta região: o Grande Ararate, chamado pelos arménios de Massis (5.156 metros), e o Pequeno Ararate, identificado pelos arménios pelo nome de Sis (3.914 metros). Este planalto contém ainda um número considerável de planícies e vales, sendo o vale de Ararate o maior e mais fértil de todos eles pelo que se transformou, com o passar dos tempos, no centro da vida económica, política e cultural da Arménia. Diversas capitais da Arménia histórica estavam situadas nesta região geográfica, assim como ocorre com a atual capital, Erevan.
Na tradição judaico-cristã, segundo o livro do Génesis, as "Montanhas do Ararate" seriam o local onde a Arca de Noé encalhou após o Dilúvio. Haik terá sido o lendário patriarca dos arménios e trineto de Noé que defendeu o seu povo do rei babilónico Bel e o estabeleceu na região das montanhas do Ararate. Apesar de presentemente se situar na Turquia moderna, o Monte Ararate, que domina o horizonte da capital da Arménia, desempenha um papel significativo no nacionalismo e irredentismo arménio.
A Arménia tem, assim, uma diáspora gigantesca pelo mundo de descendentes que, fugindo das perseguições, tomaram o rumo de países como França, Estados Unidos, Argentina, Brasil, Líbano, Israel e muitos outros.
Em 1967, um memorial às vítimas do genocídio arménio foi construído nas colinas de Tsitsernakaberd acima do desfiladeiro de Hrazdan, em Erevan. No local existe também um Museu dedicado à memória dos mártires do Genocídio.
Em 1922, a Arménia foi anexada pela Rússia bolchevista e, juntamente com Geórgia e Azerbaijão, foi incorporada à URSS como parte da República Federativa Socialista Soviética Transcaucasiana. No início, desfrutaram de um período de relativa estabilidade sob o jugo soviético em contraste com os últimos anos do Império Turco-Otomano, mas após a morte de Lenin dezenas de milhares de arménios, tal como várias outras etnias minoritárias que viviam na URSS, foram executados ou deportados durante o período da Grande Purga de Stalin.
A estátua da ‘Mãe Arménia’, no Parque da Vitória, que simboliza a paz por meio da força e que relembra os importantes valores atribuídos às mulheres mais velhas das famílias arménias, veio substituir, em 1967, uma estátua monumental de Stalin que foi criada como um memorial da vitória da Grande Guerra Patriótica. No local está também exposto um avião soviético mig-15, usado na dita guerra.
Gás, óleo e outros suprimentos chegam por meio de duas rotas vitais: o Irão e a Geórgia, com os quais a Arménia mantém relações cordiais.
Depois da visita à capital, seguiram-se outros pontos de interesse do país.
O Mosteiro de Geghard é um mosteiro antigo localizado na província arménia de Kotayk, parcialmente talhado na montanha e inscrito como Património Mundial da UNESCO. Foi fundado no século IV, por Gregório, o Iluminador, numa caverna onde se situava uma fonte sagrada.
O Mosteiro de Khor-Virap fica a uma distância de 45 km a sul de Erevan e está situado a cerca de 100 metros da fronteira turco-arménia que se encontra selada com arame farpado. Militares russos protegem esta zona fronteiriça problemática.
Está rodeado de pastagens verdes e vinhas da planície de Ararate e oferece uma vista espetacular da montanha que é o símbolo nacional da Arménia. Infelizmente, na altura da visita, o Monte Ararate estava pouco visível, envolto na bruma.
Khor Virap significa "calabouço profundo" e, através de uma pequena escada quase na vertical, é possível visitar a masmorra onde São Gregório terá estado encarcerado.
A Catedral de Etchmiadzin é a igreja mãe da Igreja Apostólica Arménia localizada na cidade de Vagharshapat, "o quartel-general espiritual e administrativo da Igreja Arménia no mundo todo". O nome Etchmiadzin significa na língua arménia clássica "descida do unigénito", um atributo de Jesus Cristo como filho único de Deus.
A igreja original foi construída no século IV, entre 301 e 303, de acordo com a tradição pelo santo protetor da Arménia, Gregório, o Iluminador, na sequência da adoção do Cristianismo como religião de estado pelo Rei Tiridates III. Substituiu um templo pré-existente, simbolizando a conversão do paganismo para o Cristianismo. Foi a primeira catedral construída no antigo Reino da Arménia e é considerada a mais antiga do mundo. Hoje em dia, é um dos locais de peregrinação mais visitados de toda a Arménia.
O Museu da Catedral tem inúmeros itens em exibição, incluindo manuscritos e objetos religiosos importantes. Entre os mais notáveis estão a Santa Lança - a ponta da lança que feriu Jesus Cristo durante a crucificação levada para a Arménia pelo apóstolo Judas Tadeu, relíquias pertencentes aos Apóstolos de Jesus e João Batista e um fragmento da Arca de Noé.
Ainda na província de Armavir, estão situadas as ruínas de Zvartnots, uma catedral circular do século VII, também consideradas Património Mundial da UNESCO.
A construção da catedral dedicada a São Gregório começou em 642 sob supervisão do católico Nerses III, no lugar onde se supõe que tenha sido o encontro do rei Tirídates III com Gregório, o Iluminador.
Zvartnots permaneceu enterrada até que as fundações da catedral foram descobertas em princípios do século XX, assim como os restos do palácio dos Católicos e uma adega. Pedaços de colunas, capitéis, tímpanos, arcadas, espalham-se por ali, decorados com símbolos como a cruz, a águia, romã, uvas...
Por último, a viagem de Erevan para a fronteira de Sadajlo e despedida deste simpático e sofrido povo que tem o seu próprio alfabeto (com 38 letras) e a sua própria língua. Travessia da fronteira, a pé e com a bagagem, para a Geórgia.
Ópera; Estátuas de artistas
A Arménia foi a primeira nação a adotar o cristianismo como religião oficial de Estado, no ano 301. De acordo com a tradição, a Igreja Arménia foi fundada por dois dos doze apóstolos de Cristo, São Judas Tadeu e São Bartolomeu, que pregaram o cristianismo na Arménia entre os anos de 40 e 60 d.C. Por este facto, o nome oficial da Igreja é Igreja Apostólica Arménia.
Fiel à sua fé, este povo já sofreu imenso. Sob o domínio otomano foram décadas de discriminações e massacres, mais notavelmente os Massacres Hamidianos de 1894-1896, o Massacre de Adana em 1909 e, entre 1915 e 1923, o que os historiadores consideram o primeiro genocídio do século XX, negado até hoje pela República da Turquia.
Usando o disfarce da Primeira Guerra Mundial, as autoridades otomanas submeteram a população cristã nativa (arménios, gregos e povos siríacos) à aniquilação e ao exílio, numa tentativa de limpar demograficamente a Anatólia e a Ásia Menor de elementos não-muçulmanos. O processo levou à morte de cerca de 1,5 milhão de arménios e à deportação de muitos outros, abruptamente afastados das suas casas ancestrais que se estendiam pelo território por séculos e milénios.A Arménia tem, assim, uma diáspora gigantesca pelo mundo de descendentes que, fugindo das perseguições, tomaram o rumo de países como França, Estados Unidos, Argentina, Brasil, Líbano, Israel e muitos outros.
Em 1967, um memorial às vítimas do genocídio arménio foi construído nas colinas de Tsitsernakaberd acima do desfiladeiro de Hrazdan, em Erevan. No local existe também um Museu dedicado à memória dos mártires do Genocídio.
Em 1922, a Arménia foi anexada pela Rússia bolchevista e, juntamente com Geórgia e Azerbaijão, foi incorporada à URSS como parte da República Federativa Socialista Soviética Transcaucasiana. No início, desfrutaram de um período de relativa estabilidade sob o jugo soviético em contraste com os últimos anos do Império Turco-Otomano, mas após a morte de Lenin dezenas de milhares de arménios, tal como várias outras etnias minoritárias que viviam na URSS, foram executados ou deportados durante o período da Grande Purga de Stalin.
A estátua da ‘Mãe Arménia’, no Parque da Vitória, que simboliza a paz por meio da força e que relembra os importantes valores atribuídos às mulheres mais velhas das famílias arménias, veio substituir, em 1967, uma estátua monumental de Stalin que foi criada como um memorial da vitória da Grande Guerra Patriótica. No local está também exposto um avião soviético mig-15, usado na dita guerra.
Parque da Vitória
O Parque da Vitória oferece também belas vistas sobre a cidade de Erevan ainda dominada por enormes edifícios do estilo soviético, apesar de um atual processo de remodelação. Em dias limpos, a vista do Ararate, agora dissipado pelas nuvens, será certamente impressionante.
Acrescendo os problemas da Arménia, um terremoto devastador atingiu o país em 1988, com uma escala sismológica de 7.2. Vitimou 25 mil pessoas e feriu mais de meio milhão.
Em 1991, a União Soviética fragmentou-se e a Arménia restabeleceu a sua independência, mas os primeiros anos pós-soviéticos foram assolados por graves dificuldades financeiras. O conflito com o Azerbaijão pelo território autónomo de Nagorno Karabakh, separado da Arménia por Stalin em 1923 e maioritariamente habitado por arménios, ainda não está resolvido. As fronteiras fechadas com a Turquia e o Azerbaijão também tem afetado grandemente a economia do país.
Mercado
Doces e Pão tradicional da Arménia
No entanto, a Arménia vem tendo um forte crescimento desde 1995, começando a substituir os tradicionais setores económicos do país, como a agricultura, por novos setores como o de pedras preciosas e joalharia, tecnologia de informação e de comunicação e também o turismo. As suas relações com a Europa, o Médio Oriente e a Comunidade dos Estados Independentes têm permitido o aumento do comércio da Arménia cuja moeda de troca é o Dram.
Praça da República, Fontes de água musicais
Gás, óleo e outros suprimentos chegam por meio de duas rotas vitais: o Irão e a Geórgia, com os quais a Arménia mantém relações cordiais.
Depois da visita à capital, seguiram-se outros pontos de interesse do país.
Mosteiro de Geghard
Mais a jusante, seguindo o rio Azat, situa-se o Templo de Garni, uma estrutura similar ao Partenon. Trata-se de um templo pagão, o símbolo mais conhecido da era pré-cristã da Arménia, dedicado ao Deus do Sol Mithra.
Templo de Garni
Tivemos a oportunidade de assistir a um concerto de duduk, instrumento tradicional de sopro, popular entre os povos do Cáucaso, dentro deste edifício.
Lagos do Planalto Arménio
(imagem retirada da net)
O Planalto Arménio (que abrange diferentes países como a Turquia, Arménia, Azerbaijão e Irão) compreende um grande número de lagos nas depressões tectónicas sendo os maiores desses lagos o Van, o Úrmia e o Sevan. O lago Van está dentro do território da Turquia, possui uma extensão de 3755 km² e a sua água é salgada. O lago Urmia está dentro do território do Irão, tem uma dimensão de 5200 km², também é de água salgada e não possui espécies de peixes.
Lago Sevan
Juntamente com estes lagos, Sevan é considerado um dos três grandes "mares" da Arménia histórica, sendo o único dentro dos limites da atual República da Arménia. Está situado 70 km a norte de Erevan, tem aproximadamente 1400 km², ocupando 5% da superfície do país, e é um dos lagos de água doce mais altos do mundo, a 1900 metros acima do nível do mar. Aproximadamente duas dúzias de pequenos rios desembocam no lago e apenas alguns afluem dele.
Mosteiro de Sevan
Nas margens do lago, no que é agora uma pequena península, situa-se o mosteiro medieval de Sevanavank, Mosteiro de Sevan, fundado em 874 pela princesa Mariam, filha de Ashot I da Arménia.
Aí decorria um casamento que, tradicionalmente, é uma elaborada cerimónia preparada desde quando o homem e a mulher são "prometidos" um ao outro.
No exterior, e tal como em muitos outros lugares da Arménia considerados sagrados, encontram-se as Khachkars, cruzes de pedra, símbolos da fé Cristã. Cada khachkar, feita à mão por talentosos artistas, é única. Tradicionalmente, são feitas de tuff, um tipo de rocha feita de cinzas vulcânicas que, após a ejeção e deposição, são compactadas numa rocha sólida. A pedra tuff é encontrada em diversas cores e os arménios acreditam que esta pedra vulcânica pode absorver todas as coisas negativas de quem a toca.Está rodeado de pastagens verdes e vinhas da planície de Ararate e oferece uma vista espetacular da montanha que é o símbolo nacional da Arménia. Infelizmente, na altura da visita, o Monte Ararate estava pouco visível, envolto na bruma.
Monte Ararate e Mosteiro Khor-Virap
(Imagem retirada da net)
O mosteiro é um dos lugares mais sagrados para os arménios por ter sido aí que “São Gregório, o Iluminador”, esteve preso durante 13 anos pelo rei pagão Tirídates III, que Gregório viria a converter ao cristianismo no ano de 301, tornando a Arménia a primeira nação a adotar o cristianismo como religião oficial. Isto acontecia, portanto, 10 anos antes de Roma emitir a sua tolerância aos cristãos (Édito de Tolerância de Galério) e 36 anos antes de Constantino I ser batizado.Khor Virap significa "calabouço profundo" e, através de uma pequena escada quase na vertical, é possível visitar a masmorra onde São Gregório terá estado encarcerado.
A Catedral de Etchmiadzin é a igreja mãe da Igreja Apostólica Arménia localizada na cidade de Vagharshapat, "o quartel-general espiritual e administrativo da Igreja Arménia no mundo todo". O nome Etchmiadzin significa na língua arménia clássica "descida do unigénito", um atributo de Jesus Cristo como filho único de Deus.
A igreja original foi construída no século IV, entre 301 e 303, de acordo com a tradição pelo santo protetor da Arménia, Gregório, o Iluminador, na sequência da adoção do Cristianismo como religião de estado pelo Rei Tiridates III. Substituiu um templo pré-existente, simbolizando a conversão do paganismo para o Cristianismo. Foi a primeira catedral construída no antigo Reino da Arménia e é considerada a mais antiga do mundo. Hoje em dia, é um dos locais de peregrinação mais visitados de toda a Arménia.
Catedral de Etchmiadzin
O Museu da Catedral tem inúmeros itens em exibição, incluindo manuscritos e objetos religiosos importantes. Entre os mais notáveis estão a Santa Lança - a ponta da lança que feriu Jesus Cristo durante a crucificação levada para a Arménia pelo apóstolo Judas Tadeu, relíquias pertencentes aos Apóstolos de Jesus e João Batista e um fragmento da Arca de Noé.
O complexo da Catedral inclui outros edifícios como a Residência Pontifícia e tem mais de 50 monumentos, incluindo muitos khachkars (cruzes-pedra) e túmulos em torno da catedral. Juntamente com várias igrejas medievais antigas importantes localizadas nas proximidades, a Catedral foi classificada como Património da Humanidade pela UNESCO em 2000.
Outra dessas importantes igrejas é a Igreja de Saint Gayane do século VII. Gayane era o nome de uma abadessa que foi martirizada, juntamente com outras freiras, por Tiridates III e, posteriormente, tornada Santa da Igreja Apostólica Arménia.
Também a Igreja de Saint Hripsime é do século VII e uma das igrejas sobreviventes mais antigas do país, erguida sobre os restos mortais da freira martirizada Saint Hripsime a quem a igreja é dedicada.
Hripsime, juntamente com a abadessa Gayane e trinta e oito freiras sem nome, são tradicionalmente consideradas os primeiros mártires cristãos na história da Arménia. Fugiram do imperador tirano Diocleciano em Roma e partiram para a Arménia onde foram perseguidas, torturadas e mortas pelo rei Tiridates III. Após a conversão ao cristianismo em 301, Tiridates e Gregório, o Iluminador, terão construído monumentos dedicados a Hripsime e Gayane no local do seu martírio.
Ainda na província de Armavir, estão situadas as ruínas de Zvartnots, uma catedral circular do século VII, também consideradas Património Mundial da UNESCO.
A construção da catedral dedicada a São Gregório começou em 642 sob supervisão do católico Nerses III, no lugar onde se supõe que tenha sido o encontro do rei Tirídates III com Gregório, o Iluminador.
Zvartnots permaneceu enterrada até que as fundações da catedral foram descobertas em princípios do século XX, assim como os restos do palácio dos Católicos e uma adega. Pedaços de colunas, capitéis, tímpanos, arcadas, espalham-se por ali, decorados com símbolos como a cruz, a águia, romã, uvas...
Por último, a viagem de Erevan para a fronteira de Sadajlo e despedida deste simpático e sofrido povo que tem o seu próprio alfabeto (com 38 letras) e a sua própria língua. Travessia da fronteira, a pé e com a bagagem, para a Geórgia.
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